quinta-feira, 19 de abril de 2012

BELO MONTE

Belo Monte: trabalhadores se reúnem para discutir proposta

Paralisação das atividades no canteiro de obras será votada hoje durante assembleia

Pedro Peduzzi, da
 
Paulo Jares/VEJA
Rio Xingu, onde deve ser construída a usina de Belo Monte
A proposta do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), apresentada aos representantes do sindicato, não contemplou algumas exigências da categoria
Altamira – Os trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte se reúnem em assembleia na tarde hoje (18) para decidir se paralisam as atividades no canteiro de obras. A proposta do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), apresentada aos representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav), não contemplou algumas exigências da categoria. A reunião foi intermediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
“Fizemos três rodadas de negociação, mas elas não avançaram na forma como os trabalhadores esperavam. Agora, eles vão levar a questão à assembleia, para decidir se aceitam ou não a proposta apresentada pelo CCBM, que é a de manter o período de intervalo das baixadas [período em que os trabalhadores podem visitar as famílias] em 180 dias, mas aumentando a duração de 9 para 19 dias. O problema é que esse período a mais, de dez dias, corresponderia à antecipação das férias. Os trabalhadores não concordaram com isso porque esse é um direito já assegurado por lei”, disse à Agência Brasil o procurador do MPT Roberto Ruy Rutowitcz Netto, que esteve presente nas reuniões de negociação.
Ele acrescentou que, em relação ao vale alimentação, a proposta da empresa foi aumentar de R$ 95 para R$110. “A princípio isso também não trouxe muita satisfação para os trabalhadores”, acrescentou. A reivindicação do sindicato era que esse valor chegasse a R$ 300 mensais.
O sindicato diz que fará assembleia ainda hoje para saber a posição da categoria em relação às propostas do consórcio.
“Agora, vamos aos canteiros apresentar a proposta aos trabalhadores. A empresa assinalou que não tem mais proposta final. É essa e acabou. Vamos então passar a questão para assembleia decidir. Caso não aprove [a proposta do CCBM], vamos entrar em estado de greve, preparar a correspondência em 48 horas e depois discutir isso no Tribunal Regional do Trabalho, na seção de dissídios coletivos”, informou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav), Giovani Resende Silva.
“Hoje, 60% dos trabalhadores da usina são de outros estados e têm interesse em reduzir o intervalo entre as baixadas porque querem ficar mais dias com a família. E 40% são moradores da região e têm interesse em aumentar o valor do vale alimentação. Tudo agora vai depender de como a base vai entender a informação e qual é o anseio pessoal de cada um. É uma questão coletiva, mas tem anseios pessoais”, acrescentou o sindicalista.
O CCBM informou que só se manifestará sobre a reunião por meio de nota – que ainda não havia sido divulgada até o fechamento desta matéria. A obra foi encomendada ao CCBM por R$ 12,5 bilhões.

Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/noticias/belo-monte-trabalhadores-se-reunem-para-discutir-proposta

segunda-feira, 2 de abril de 2012

UHE Santo Antônio: pontapé inicial

UHE Santo Antônio: pontapé inicial - Ambiente Energia | Ambiente Energia

Da Agência Ambiente Energia – A hidrelétrica de Santo Antônio (RO), no rio Madeira, iniciou operação comercial. Na última sexta-feira (30), entraram em operação comercial as duas primeiras unidades geradoras da usina, com 71.6 MW de capacidade instalada cada. Com investimentos da ordem de R$ 16 bilhões, a usina possui 3.150 MW de capacidade instalada.
A expectativa inicial do consórcio era de que o funcionamento da usina começasse em dezembro de 2011. No entanto, o prazo foi prorrogado para a segunda quinzena de março. O cronograma inicial estabelecia a operação comercial a partir de dezembro de 2012.


De acordo com o consórcio Santo Antônio Energia, responsável pela obra, a greve dos trabalhadores não afetou o acionamento das turbina, cujos testes já estavam sendo realizados desde dezembro de 2011. A Santo Antônio Energia é formada pelas empresas Eletrobras Furnas (39%), Odebrecht Energia (18,6%), Andrade Gutierrez (12,4%), Cemig (10%) e o Caixa FIP Amazônia Energia (20%).

FONTE: http://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2012/04/uhe-santo-antonio-pontape-inicial/18321

ÁREAS DE MORRO E ENCOSTAS

Áreas de morro e encostas no novo Código Florestal
Qua, 16 de Março de 2011 00:00 Última atualização em Qui, 09 de Fevereiro de 2012 18:05 Escrito por Rodrigo C. A. Lima
Código Florestal - Artigos
Um dos pontos centrais debatidos na reforma do Link no GlossárioCódigo FlorestalCódigo Florestal : O Código Florestal trata, entre outras coisas, sobre desmatamento, exploração e conservação de vegetação nativa. O Código Florestal Brasileiro data de 1934 e surgiu como forma de regrar a expansão da economia agrícola para as áreas de florestas, estimulada pelo desenvolvimentismo do Governo Vargas. O Código foi reformulado em 1965, em função do programa governamental de colonização da Amazônia. A partir de então, o código sofreu mais duas reformas significativas. A primeira em 1989 quando, através da ECO 92, a pauta ambiental passou a ser um tema central no cenário internacional. A segunda ocorreu em 2001, através de uma Medida Provisória, com objetivo de criar mecanismos facilitadores para o cumprimento do Código. A determinação de percentuais de áreas de conservação de vegetação nativa em todas as propriedades rurais, a Reserva Legal (RL), e a proteção de Áreas de Preservação Permanente (APP) são importantes mecanismos da política ambiental brasileira definidos no Código Florestal. é a necessidade de manter-se a vegetação nativa nos topos de morro e nas encostas. As tragédias causadas pelas intensas chuvas na região serrana do Rio, no início de 2011, reforçaram argumentos de que não é possível utilizar essas áreas, pois são regiões sensíveis, que devem ser preservadas com vegetação nativa.

No entanto, é preciso considerar que a produção de maçãs, uvas, café e outros alimentos é, há décadas, praticada em topos de morro e encostas. Além dessa ocupação, feita muitas vezes por agricultores familiares, o turismo rural, que começa a ganhar força no Brasil, também se vale dessas áreas, principalmente no sul do país.

O Código Florestal atual prevê que em topos de morro, montes, montanhas ou serras e em encostas com declividade superior a 45º, a vegetação nativa deve ser mantida, sendo essas áreas destinadas a preservar os Link no Glossáriorecursos hídricosRecursos hídricos : O termo recurso hídrico refere-se a todas as formas de água, considerando o valor econômico destas. Podem-se dividir os recursos hídricos em superficiais e subterrâneos, sendo que no primeiro grupo, temos rios, córregos, nascentes, lagos, entre outros. Recursos hídricos subterrâneos são aqüíferos e lençóis d´água. , a paisagem, a Link no GlossáriobiodiversidadeBiodiversidade : Biodiversidade ou diversidade biológica é o conjunto de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, além dos complexos ecológicos de que fazem parte. Compreende ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.(conceito de ecologia_variedade entre espécies.. diversidade dentro e fora inter e intra específico) As mudanças climáticas e seus efeitos poderão afetar o funcionamento dos ecossistemas, por meio da perda de ambientes favoráveis para os ecossistemas, além da possível extinção de várias espécies . , a flora e a fauna, a estabilidade geológica, a proteção dos solos e o bem estar da população.

Não se discute a importância de regiões em de topo de morros e encostas para preservar o meio ambiente. No entanto, a reforma do Código deve considerar que existem áreas produtivas situadas nessas regiões que não estão sob risco e, por isso, podem ser utilizadas para a agricultura.

Ao se reconhecer que essas áreas, já abertas, podem ser destinadas à produção, observando-se certos critérios, o novo Código Florestal dará um passo importante para criar uma nova governança sobre a ocupação e o Link no Glossáriouso da terraUso da terra: Entende-se como uso da terra a maneira pela qual o espaço está sendo utilizado pelo homem, sob forma produtiva (cidades, produção agropecuária, etc.) e/ou manutenção de vegetação e ecossistemas nativos. A constante interação do homem com o meio ambiente tem provocado alterações no uso da terra e os impactos dessas mudanças são de constante interesse na comunidade internacional por trazerem impactos ambientais, econômicos e sociais. no Brasil.

Outro ponto estratégico que a reforma deve contemplar, no tocante às APPs em topo de morro e encostas, é a diferenciação entre áreas rurais e urbanas. A lei atual permite a proteção de áreas urbanas, como no caso da região serrana do Rio, mas a adoção de medidas de preservação depende dos municípios e dos Estados, que dificilmente possuem planos de ocupação do solo e recursos para isso. É um grande problema que precisa ser atacado urgentemente, mas que precisa ser tratado diferentemente das áreas agrícolas.

A idéia para este artigo surgiu enquanto eu tomava um delicioso chá. Na ocasião, lembrei-me de que algumas culturas, tidas como sustentáveis mundo a fora, também são produzidas em topos de morro e encostas.

As diferentes variedades de chá (branco, verde, oolong, preto) são produzidas, principalmente, na Ásia e na África (China, Índia, Sri-Lanka, Paquistão, Indonésia, Turquia, Nepal, Kênia, Japão, Irã, dentre outros países), e muitas vezes ocupam áreas de morros e encostas.

As plantações de chá fazem parte da paisagem de forma harmônica, integrada ao meio ambiente, ao trabalho das pessoas e, mais importante, à cultura local. É um cultivo milenar, originário da Ásia, que cruzou oceanos a bordo de navios ingleses e alemães, e que hoje ganha cada vez mais adeptos em todo o mundo por trazer benefícios à saúde.
Plantação de chá em topo de morros

Além do chá, há outra importante cultura, amplamente difundida no mundo, por ser alimento básico para milhões de pessoas, que também é plantada em morros e encostas. O arroz cultivado no Japão, nas Filipinas e em outros países asiáticos faz parte da vida e da cultura desses povos, e suas plantações são reconhecidas como patrimônio da humanidade.
Barad, Ifugao, nas Filipinas, patrimônio da humanidade reconhecido pela UNESCO
Fonte: University of Hawapi, http://www.ling.nthu.edu.tw/faculty/hcliao/

Busca-se com este artigo mostrar que a reforma do Código Florestal tem o grande desafio de criar uma nova governança sobre o uso da terra no Brasil. A questão das APPs em topo de morro e em encostas precisa ser tratada sem radicalismos, preservando-se a produção nas áreas já consolidadas, desde que, casos específicos em regiões sensíveis sejam revistos. Além disso, é essencial diferenciar áreas em regiões urbanas e rurais.

Tarda para que os brasileiros tenham orgulho dos alimentos produzidos no País, do Sul ao Norte. Conhecer as regiões produtivas e as pessoas que nelas trabalham é uma forma de entender melhor não só de onde vêm os alimentos, mas o contexto no qual eles são produzidos. Espera-se que a reforma do Código Florestal seja séria e contemple conservação ambiental e produção agrícola, pois isso transformará o Brasil no país em que mais se cuida da sustentabilidade no campo.
Fonte: Sociedade Sustentável